ENTREVISTA | SAINT CLAIR CEMIN

O artista plástico gaúcho conta como aprendeu a ver os objetos e fala das esculturas que fazem alusão ao inconsciente e à memória

Clichetes
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por Andréia Martins, Carolina Cunha e Juliana Farinha

Q uando falamos sobre as obras do artista plástico gaúcho Saint Clair Cemin, uma coisa é certa: ele é o que se pode chamar de um “coletivo em um artista só”. Tanto que não é incomum ao visitar uma exposição de suas peças achar que você está vendo peças de mais de um artista.

O segredo da produção diversa deste gaúcho de Cruz Alta, desde as esculturas expostas em galerias às criações que ocupam espaços públicos, talvez esteja no seu jeito peculiar e curioso de ver e observar as pessoas e os objetos.

As esculturas de Saint Clair são sempre variadas, apoiadas em estilos, épocas e escolas diferentes. Nesses trabalhos ele traz humor, surrealismo, reflexão, foge do óbvio, mistura materiais — bronze, ferro, madeira, mármore, resinas sintéticas — e formas sem cair no excesso.

Vivendo desde os anos 1970 em Nova York, pegando os tempos áureos do East Village na década de 1980, ele mantém trabalhos em Pequim, na China, e na Europa, sem contar as obras feitas para espaços públicos como a Supercuia, em Porto Alegre, e a Mercury Fountain, em Washington D.C., só para citar algumas.

“O grande desafio de uma obra pública é fazer com que ela seja sensível e acessível. O pessoal acha que para ser sensível eu tenho que baixar o nível. Eu acho que não. Mas tem de escolher temas e formas que não sejam completamente, como se fala, estrangeiras. A escultura é a única coisa que pode ficar fora. Você não põe a pintura fora. A outra opção para uma obra pública no exterior que fica à mercê dos elementos seria um painel, como se fala, um mural. Eu gostaria muito de fazer um mural. Ainda está nos meus planos”.

Em entrevista ao Clichetes, feita na galeria Bolsa de Arte, em São Paulo, o artista fala da sua forma de ver os objetos e dos desenho e esculturas que trouxe ao Brasil na mostra Symbolista e que fazem alusão ao inconsciente e à memória.

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